A Doutrina

Espiritismo: Ciência, Filosofia e Religião

 

O Espiritismo difere de toda e qualquer ramificação espiritualista religiosa, uma vez que não possui “dogmas” propriamente ditos, mas fundamenta-se na razão e nos fatos. Sob esse aspecto o Espiritismo é considerado uma Doutrina Tríplice, pois sua estrutura consiste em Ciência, Filosofia e Religião.

Ciência, pois possui como fundamento a parte experimental ou seja, ideias organizadas sistematicamente a partir dos fatos, dos fenômenos mediúnicos, das manifestações em geral. Para tanto, emprega, efetivamente, o método experimental.

Filosofia, pois sua temática abrange essencialmente objetos de conhecimento que estão além da experiência sensível, qual: a existência de Deus, os Princípios constitutivos do Universo (Causas Primárias), as leis morais e outros. Para tanto, possui como instrumento seguro o método racional.

Religião na medida em que seu fim último consiste na restauração do Evangelho e na pratica dos princípios Cristãos. Importa, porém considerar que, embora de essência religiosa, o Espiritismo não se vale de formalismos exteriores, de práticas sagradas, rituais ou técnicas coletivas, mas a busca da religiosidade dá-se na intimidade afetiva de cada um, a partir de uma atitude interior consciente.

Esses três aspectos encontram-se bem definidos na Codificação de Allan Kardec, respectivamente: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e o Evangelho Segundo o Espiritismo.

Em seus aspectos científicos e filosóficos, a Doutrina será sempre um campo de investigações humanas. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem para a grandeza de seu imenso futuro espiritual.

 

Fundamentos espíritas:

  • Existência de Deus: É o princípio e o “fim” de tudo. É o criador, causa primária de todas as coisas. Deus é a Suprema Perfeição, com todos os atributos que possamos imaginar e ainda muito mais.
  • Imortalidade do espírito: Antes de sermos seres humanos, filhos de nossos pais, somos, na verdade, filhos de Deus. O espírito é o princípio inteligente, criado por Deus, simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços. Como espíritos, já existíamos antes de nascer e continuaremos a existir depois da nossa morte física. A morte não existe e isto é demonstrado pelas manifestações mediúnicas, fenômenos de quase-morte, terapia de vidas passadas, lembranças de encarnações anteriores, manifestações extracorpóreas, etc.
  • Reencarnação: É o mecanismo natural de evolução dos espíritos. O espírito é quem decide e cria seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, que é a capacidade de escolher; assim, ele tem a possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se...tornar-se cada vez mais consciente de sua realidade transcendental. Isto requer um aprendizado que o espírito só consegue encarnando no mundo e reencarnando quantas vezes forem necessárias. O progresso adquirido pelo espírito através das múltiplas experiências de vida, nas inúmeras existências, não é tão somente intelectual, mas também, o progresso moral, que vai aproximá-lo cada vez mais de Deus. Os espíritas não creem na metempsicose, ou seja, a volta do espírito no corpo de animal.
  • Comunicabilidade entre os espíritos: O Espiritismo demonstra a possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados (vivos) e os espíritos desencarnados (mortos) através da mediunidade. Os espíritos agem sobre nós, os encarnados, mas essa ação é quase restrita ao pensamento, porque eles não conseguem agir diretamente sobre a matéria. Para isso, eles precisam de pessoas que lhes ofereçam recursos especiais; essas pessoas são chamadas de médiuns. Pelo médium, o espírito desencarnado pode se comunicar, se puder e quiser. Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou faculdade do médium, que pode ser feita pela fala (psicofonia), pela escrita (psicografia), por batidas (tiptologia), etc.
  • Lei da causa e efeito: A lei da causa e efeito é o mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual, nossa condição atual é resultado de nossos atos passados. A escolha nos pertence, logo, as consequências boas ou más são resultados de nossas próprias decisões. Se agora estamos sofrendo, podemos concluir que a causa do sofrimento advém das nossas atitudes, desta ou de outra encarnação. Nós construímos a nossa evolução e escolhemos o caminho a percorrer.
  • Pluralidade dos mundos habitados: A Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo. A matéria existe em variados graus, desde a mais até a menos densa e isso indica a possibilidade de mundos em variados graus de densidade, e que neles podem existir seres inteligentes com corpos mais ou menos sutis. A doutrina espírita ainda classifica os mundos segundo seu grau de evolução, como por exemplo, mundos primitivos, mundo de expiação e provas, mundos de regeneração, etc. A Terra ocupa o segundo grau na evolução, como mundo de expiação e provas, destinada a espíritos ainda iniciantes no uso da razão e do sentimento.

 

Evolução da doutrina

São estes princípios que constituem os alicerces da codificação espírita. Sobre estas bases se assentam o Espiritismo. Ele não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-los e a submeter seus ensinamentos ao crivo da razão. Cada espírita é livre para concordar ou não com estes conceitos. Kardec, inclusive, nos adverte para que, caso a Ciência comprove que alguns pontos doutrinários estejam equivocados, fiquemos com a Ciência. Com certeza não podemos alterar a codificação kardequiana, mas, o Espiritismo, acima de tudo, é uma doutrina evolucionista e não pode ficar estagnada em dogmas.

(Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 100).

 

Para saber mais: O QUE É O ESPIRITISMO de Allan Kardec.

 

 

 

 

 

 

 

 

“Espiritismo e Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação.”

(Allan Kardec, em A Gênese)

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